Estes perfumes de gênios que ainda nos fazem sonhar...

Perfumes lendários, best-sellers, grandes clássicos, para alguns, às vezes “madeleines de Proust”... Tantas maneiras de evocar estas fragrâncias míticas que marcaram sua época. Osmoz retorna às circunstâncias que fizeram destes perfumes sucessos infalíveis.

Chanel Nº 5 : um gosto de eternidade ?

Ícone do luxo no mundo inteiro, glamurizado por Marilyn Monroe nos anos 50, objeto de uma exposição no Palácio de Tóquio no último mês de março, o Nº 5sempre seduz, já que ele rodopia no topo das vendas mais de um século depois de sua criação (1919). Se este “perfume de mulher” deve seu sucesso à qualidade das essências florais que o compõem (rosa damascena, jasmim de Grasse), também o é graças aos aldeídos superdosados de maneira inovadora na época, cinzelando um atalcado e uma modernidade fascinantes. Arpège de Lanvin, White Linen d’Estée Lauder, Calèche d’Hermès ouFirst de Van Cleef & Arpels são alguns de seus dignos descendentes...

Shalimar de Guerlain:  uma ode ao amor também sempre envolvente.

É o perfume que Jacques Guerlain imaginou em 1925 em homenagem ao amor desvairado do Imperador mogol pela sua falecida esposa, lenda aliás, cujo espírito encontramos atualmente na tela do novo filme que lhe é dedicado. A magia de Shalimar deve-se à uma overdose de bergamota em um leito de baunilha, notas atalcadas e levemente animais, viciantes e sensuais. É a etilvanilina, uma nova molécula, que traz poder e harmonia a esta composição, próxima de seu precursor Jicky.Se Shalimar cria a família dos orientais, sua sensualidade continua a fazê-lo até hoje um perfume de sedução atemporal.

L’Eau sauvage de Dior : a simplicidade de uma receita que não se abandona.

Retomando o estilo clássico e cítrico de Cologne, Edmond Roudnitska lhe acrescenta uma pitada de virilidade com notas aromáticas (manjericão, alecrim, lavanda...) Mas foi também a utilização pela primeira vez da hediona, uma molécula sintética originada do jasmim, que fez a modernidade de Eau Sauvage. Trazendo um frescor e um rastro aéreo inovador a esta “colônia”, ela é hoje muito utilizada na perfumaria. Quanto à Eau Sauvage, seu sucesso é tamanho, que mesmo as mulheres a adotaram.

Opium: e Deus criou o marketing.

Os Trinta Anos Gloriosos vêem o perfume se abrir para o mercado americano, especialmente com Youth Dew, deEstée Lauder. Vinte anos mais tarde, Yves Saint Laurent se inspira neste sucesso para lançar um perfume que ele deseja oriental como Shalimar, mas também persistente e poderoso como Youth Dew. Para servir a este propósito o perfume com nome provocador e frasco barroco será lançado durante uma soirée mundana em 1978. Uma nova lógica que vai abalar os códigos da perfumaria: de agora em diante não se trata mais de criar uma “essência”, mas um conceito. Como Youth Dew, Opium se inscreve na linha destes orientais picantes (cravo-da-índia, canela) em que o patchuli domina, mas refrescado por notas frutadas (pêssego, ameixa) e um corpo floral (ylang ylang). Em sua esteira nascerão criações como por exemplo Coco de Chanel.

Angel de Thierry Mugler: sempre imitado, nunca igualado.

No topo do pódio das vendas há vinte anos, este perfume é hoje quase um exemplo clássico. Criticado em seu lançamento por seu lado comestível,ele foi apresentado sem nenhuma publicidade mas unicamente no boca a boca junto aos clientes do estilista, antes de se tornar o sucesso que conhecemos. Sua originalidade na época deveu-se à introdução do etil maltol, uma molécula com odor de pralinê e caramelo, associada a uma forte dose de patchuli e a uma faceta frutada: uma receita que não demoraria a invadir toda a perfumaria. Aliás, esta tendência não está perto de acabar, a se julgar pelo mercado atual, mesmo se alguns de seus descendentes se esquivam do assunto, como  Lolita Lempicka ou Coco Mademoiselle de Chanel.