Neste inverno, o couro se convida para nosso guarda-roupa... olfativo
Questões e seleções

Neste inverno, o couro se convida para nosso guarda-roupa... olfativo

13 december 2013

Se o couro perde um pouco de importância nas prateleiras das perfumarias de hoje, no entanto seus eflúvios estavam presentes em mais de uma criação desde o começo do século XX. Às vezes leves, enfumaçadas ou animais, suas notas se prestam perfeitamente às noites frias de inverno, enquanto revestemcom elegância inata aquela ou aquele que nelese envolve. Uma aura de exceção que o nicho soube se reapropriar. Aqui estão alguns couros para descobrir pelos amantes de fragrâncias audaciosas.

O “couro da Rússia”, muito em voga nos anos loucos, tirou seu nome dos soldados que conservavam suas botas com o alcatrão de bétula de odor muito enfumaçado. Foi da fascinação de Gabrielle Chanel pelos balés russos (cujas dançarinas utilizavam o couro em suas sapatilhas) que surgiu o Cuir de Russie, composto para ela por Ernest Beaux em 1927, e reeditado hoje na série Exclusifs. Os eflúvios enfumaçadosdo couro ladeiam esta assinatura aldeidada très Chanel onde aparecem a rosa e o jasmim. De estirpe, unissex, um perfume atemporal e facetado que nos transporta em plena Paris dos anos 20, quando a moda eslava estava no auge, sem ter no entanto adquirido uma ruga sequer.

Outros tempos, outras inspirações... Impregnado de cultura marroquina, Serge Lutens prestou homenagem a esta tradição árabe de perfumar as peles com almíscares e essências aromáticas através de seu Cuir Mauresque (1996). Um couro áspero que vem aquecer uma profusão de temperos (cominho, cravo, canela), marcado por notas de frutas cristalizadas caras a seu criador, para se desenvolver em seguida nas inflexões florais e adocicadas do jasmim e da flor de laranjeira, como o L’Heure Bleue de Guerlain. O fundo amadeirado e ambarado vem assinar este conto oriental que, no entanto, entre força e doçura, pega emprestado dos grandes clássicos. Magnífico.

O oriente decididamente cativa muito os perfumistas, já que ainda é ele que empresta seu imaginário ao Cuir Ottoman de Parfums d’Empire. Ao lado de um jasmim do Egito, a animalidade selvagem deste couro se vê aqui domada pela nobreza de uma íris presente em filigrana, nesta composição coloridapor uma evolução arredondadae ambarada (fava tonka, absoluto de baunilha). Sensual e fogoso, mas ao mesmo tempo rústico e voluptuoso, um couro para descobrir urgentemente, se as notas de couro e balsâmicas lhe atraem.

Finalmente, o couro às vezes assume os contornos de uma camurça aveludada, como em Tuscan Leather de Tom Ford. Este último reveste um couro atalcado com um toque de framboesa e de notas florais do jasmim, em contraste com a obscuridade de um incenso, que vem acariciar o adocicado picante do açafrão. No fundo, notas amadeiradas e ambaradas vem trazer redondezaa esta fragrância que esboça um couro delicado, seduzindo tanto os homens como as mulheres.

Sophie Normand

Sophie Normand

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Apaixonada por perfumes desde a adolescência, fui no entanto estudar direito e depois jornalismo. Foi quando eu era redatora que tive a ideia, há mais ou menos 3 anos, de um blog sobre perfumes. Em paralelo, compartilho minha paixão através de outros suportes (OSMOZ, l’olfathèque,...

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